domingo, 27 de abril de 2008

Agora...


Acordei de uma dor desmedida,
Recalquei o amor que possuía,
Arranquei os espinhos do meu peito
E deitei-os fora!
Não sou mais quem fui outrora,
Porque morri!
E o que de mim ressuscitou
Foi apenas matéria,
Apenas corpo…
Minha alma repleta de ilusões
Encontra-se despida da inocência que perdi!
Agora…
Sorvo cálices de veneno purificado,
Sorvo notas musicais distorcidas,
Sorvo pedaços de uma alma desnudada
Que me elevam um patamar acima
E me fazem desejar voar
Mas me repelem
Com medo de voltar a cair
E desta vez,
Para um buraco de onde não consiga sair!


Joana Filipa Bernardo

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Hoje


Vejo a chuva cair pela janela, desejo correr lá para fora, molhar-me toda esperando que a chuva me lave a alma…
Ciclos que se repetem, pessoas que vão, pessoas que ameaçam ir, pessoas que voltam…
Pergunto-me o porquê de tudo isto e a resposta não surge…
Refugio-me em algum lado escuro que tudo esconda e em nada me faça pensar, porque pensar dói! E eu já não aguento mais a dor, já não a consinto mais em mim, não a reconheço nem as suas verdadeiras causas…. Apenas a procuro fitar, iludindo-me uma e outra vez como sempre fiz, porque crescer não chega…Crescer só complica…e afinal o que torna tudo pior é tomar consciência da proporção da dura realidade que se nos apresenta….
Filosofias baratas não me chegam!
Pensamentos e palavras superficiais de nada me valem!
O que eu sei é apenas o que sinto, é apenas o que vejo, é apenas a ausência da segurança, da cumplicidade, da estabilidade e do amor que vivi outrora!
Hoje, não sou mais nada….
Apenas um ser deambulante pelas ruas de uma cidade escura, um ser infectado de dor, um ser doente e sem qualquer cura que afasta quem quer que apareça com medo de se contagiar!
Hoje é apenas hoje.
Amanha virá…. Talvez se eu ainda cá estiver!


Joana Filipa Bernardo

sábado, 5 de abril de 2008

O Fim!


Ardem-me os olhos…
Por mais que os quisesse fechar,
Algo teimava por me saltar à vista,
A verdade era dolorosa demais
Daí a minha vontade em manter os olhos fechados….
Chegara o derradeiro momento,
Aquele que eu sabia que viria mas queria adiar…
O meu corpo termia,
Os meus olhos choravam,
O meu peito fechava-se sobre si
Consumindo cada pedaço de dor que me assombrava!
Finalmente a coragem nos teus olhos,
Finalmente a verdade, ainda que camuflada, nas tuas palavras!
Seguirias a tua vida,
Opondo-a ao sentido da minha
E banalizando o passado que havíamos vivido…
Duro!
Frio!
Egoísta….
Levaste-me a vida,
Levaste-me o que de mais precioso possuía
E foste embora…
Despedaçando cada bocado de mim!
O silêncio não chega,
A escuridão não resolve,
As lágrimas não acalmam a dor que ficou.
E o tempo….
Esse nada me ajudaCorroendo-me mais a cada dia!


Joana Filipa Bernardo