quarta-feira, 19 de março de 2008

Porquê???


Se eu pudesse voar agora, ia, ia para longe, tão longe que nem os satélites me poderiam encontrar! Sinto-me pequena neste grande vazio onde vim parar, impotente perante a luz que me fere os olhos já habituados há escuridão! E eu não quero mais a luz na minha vida! Não quero porque também ela é falsa, também ela me cobre de esperanças e mesmo assim se apaga roubando-me os sonhos! Assim prefiro a escuridão, prefiro sentir o ardor do sangue a percorrer-me as feridas face à dor petrificante que me injecta a alma e provoca frio… Tanto frio!
Nem a Lua, a minha confidente, aquela que conhece os meus segredos percebe a minha tristeza! A dor cobre-me a vista, e eu não posso mais ver! Eu não sei mais de mim, não sei onde vim parar!
Sinto prazer na minha carne arranhada e sedenta do amor que não tenho! Sinto prazer em imaginar o teu sangue fluir-te do corpo coberto pelas marcas da minha presença.
Odeio-te!
Não!
Odeio-me por não te odiar!
Odeio-me por não te fazer chorar!
Odeio-me por não te fazer me amar!
Odeio-me por não ser capaz de te deixar!
A musica continua a tocar e os meus olhos, os meus olhos esgotaram as lágrimas… Já nem a dor posso aliviar….
Porquê?


Joana Filipa Bernardo

segunda-feira, 17 de março de 2008

Lençóis de Cetim



O corpo treme-me e o sangue escorre-me pelo peito, onde foram aquelas pessoas?
Ainda agora me chamavam, ainda agora me puxavam para um túnel escuro, tão escuro...
E as vozes que soavam uma calma melodia envolvente?
Onde estão todos quando, preciso de alguém que me dê as mãos, alguém que me abrace forte, alguém que me cante uma musica, alguém que me puxe para a vida?
E tu?
Para onde foste?
«-Quero-te, quero-te como nunca antes minha querida, quero que me pertenças, que sejas minha para todo o sempre! Aqui, nestes lençóis de cetim tornar-te-ás minha para a eternidade!
(…)
-Amor!!
Amor o que estás a fazer? Amor estás a magoar-me... O que se passa?
Porquê esses gritos amor?
Porquê esse ódio em teu olhar?
Eu estou aqui amor....»
Não sabia ao certo quanto tempo tinha passado, mas eu soube que não te voltaria a ver.
Antevejo o fim, dizia eu! Momentos antes deixava-me prender pelos lençóis, que nunca foram de cetim meu amor!


Joana Filipa Bernardo

sábado, 15 de março de 2008

Procuro...


Não quero mais saber pensar, não!
Não quero mais manter a duvida
Em que ressaca o meu coração!
Não quero ter medo de acordar só,
De não ter uma falsa presença
Que na verdade nunca está,
Que não vive da minha vida,
Que não me sabe sequer amar!

O que eu procuro é indefinido,
Porém não corresponde ao que pareço possuir,
Na verdade nada tenho!
Na verdade eu não tenho ninguém!

E a chuva que teima em molhar
Minha roupa que ninguém vem secar!

Como eu queria ainda ser capaz de sonhar,
Amor!

Como eu queria amar!


Joana Filipa Bernardo