quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Existência submersa



Deixo-me embriagar pela noite que se avizinha,
A imensidão envolve-me e deixo-me ir, submersa.
A Lua irradia a Luz que me desperta
E o nevoeiro percorre-me em mistério,
O meu peito abriga o nosso amor,
O meu ventre deseja o ser que não fecunda,
O meu pensamento vagueia em torno de nós,
E a ti meu amor,
Imagino-te aqui,
Busco os teus segredos e adivinho-te a alma.
Espero ansiosamente a protecção dos teus braços,
As palavras dos teus beijos,
As razões do teu olhar,
O calor do teu corpo...
E perguntas-me porquê meu amor!
Eu respondo-te,
Porque és simplesmente a razão da minha existência!


Joana Filipa Bernardo

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Coisas da Vida

Se não te tenho,
Eu fecho os olhos,
Posso ver para alem do que a visão alcança,
Posso sentir aquilo que não toco,
Posso sonhar o que não me é permitido!
Se te tenho,
O meu olhar brilha,
O meu sorriso ganha forma,
A minha vida ganha cor!
Que dádiva dada por Alguém
Meu amor!
E pelo sonho que se torna real,
Sinto as tuas palavras
Em beijos de musica que não para!
Não me cansam os teus dias nos meus,
Não me imagino sem o teu ser
Porque por ti
Procuro o sentido das coisas da vida!


Joana Filipa Bernardo

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Uma Dor Que Não Tem Fim


Não sabia o que pensar, estava angustiada e sem razão aparente as lagrimas rolavam o seu rosto. Avisinhava-se um dia especial e ela sabia que tudo ia mudar.
Ouviu uma musica e outra, escrevia sem saber o quê e pensava que não havia razão para a sua existência.
Sentia-se só, incompreendida, falhada, corruída, perdida...
-Onde vais?- perguntou-lhe a mãe, ao vê-la vestir o casaco e segurar a mala.
-Ver o mar, espairecer um pouco.-Beijou a mãe dizendo-lhe que a adorava e saíu.
Andou pela praia descalsa e sentou-se a beira mar. Desejou a coragem para por fim à sua vida mas até para isso se sentia incapaz.
Relembrou momentos de dor, de paixão, de alegria e sofrimento e continuava sem perceber a verdadeira razão para toda aquela dor interior. Era insuportavel sentir-se assim!
Pegou na sua mala e procurou as chaves de casa que levou ao rosto percebendo que não sevia para o que queria deitou-as nas ondas e com as proprias unhas rasgou a sua cara, os seus labios as suas mãos. Sentia o sangue correr mas o aperto no peito só aumentava e ela chorava, chorava sem saber como parar. Deixou que o sal da água lhe percorresse as feridas e sentia-se cada vez pior. Deitou-se na areia molhada deixando que as ondas lhe rebentassem no ventre e perdeu os sentidos. As ondas levaram o seu corpo morto e coberto de fridas, levaram a sua vida e a do ser que gerava dentro de si, mas as suas almas, essas permaneceram na praia repletas da dor que a morte não levou.


Joana Filipa Bernardo

domingo, 6 de janeiro de 2008

A Certeza na Dúvida

Um cigarro que se acaba,
Uma duvida que não tem fim,
Uma dor que se propaga,
Um amor longe de mim.

Uma noite que começa,
Uma presença que não vem,
Uma ilusão que não cessa,
Um medo de um outro alguém.

Uma intuição que persiste,
Um medo de perder a felicidade,
Uma certeza que existe,
D'um amor p' eternidade.


Joana Filipa Bernardo

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Tarde de mais


O nevoeiro eleva-se no ar enquanto aquela figura surge encoberta no horizonte.
-Por onde tens andado?
-A procura de nós, meu amor!
As palavras dela esfumaram-se enquanto a silhueta dele se tornava mais visível.
Estava branca como cale, os seus olhos inchados cobriam-se de lágrimas e os seus lábios tremiam. Deixou-se cair no chão molhado e olhou-o.
-Que se passa contigo? Não estás bem...- disse-lhe aproximando-se dela. Ajoelhou-se e tomou-a nos braços - Estás gelada!
Ela sorriu-lhe com ternura murmurando-lhe ao ouvido:
-Agora é tarde para nós, atrasaste-te de mais e de novo seremos separados.
-Mas o que estás tu a dizer? Vou levar-te a um medico.
-Não há tempo! Talvez um dia quando vivermos de novo o nosso amor nasça mais forte.
Ele olhava-a sem perceber, mas sentiu que a sua vida perdera o significado naquele momento.
-Amo-te!
-Amo-te!- respondeu-lhe ela.
Ele fechou os seus olhos e quando os abriu tinha nos seus braços o corpo inanimado da sua eterna amada.

Joana Filipa Bernardo