quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Uma Dor Que Não Tem Fim


Não sabia o que pensar, estava angustiada e sem razão aparente as lagrimas rolavam o seu rosto. Avisinhava-se um dia especial e ela sabia que tudo ia mudar.
Ouviu uma musica e outra, escrevia sem saber o quê e pensava que não havia razão para a sua existência.
Sentia-se só, incompreendida, falhada, corruída, perdida...
-Onde vais?- perguntou-lhe a mãe, ao vê-la vestir o casaco e segurar a mala.
-Ver o mar, espairecer um pouco.-Beijou a mãe dizendo-lhe que a adorava e saíu.
Andou pela praia descalsa e sentou-se a beira mar. Desejou a coragem para por fim à sua vida mas até para isso se sentia incapaz.
Relembrou momentos de dor, de paixão, de alegria e sofrimento e continuava sem perceber a verdadeira razão para toda aquela dor interior. Era insuportavel sentir-se assim!
Pegou na sua mala e procurou as chaves de casa que levou ao rosto percebendo que não sevia para o que queria deitou-as nas ondas e com as proprias unhas rasgou a sua cara, os seus labios as suas mãos. Sentia o sangue correr mas o aperto no peito só aumentava e ela chorava, chorava sem saber como parar. Deixou que o sal da água lhe percorresse as feridas e sentia-se cada vez pior. Deitou-se na areia molhada deixando que as ondas lhe rebentassem no ventre e perdeu os sentidos. As ondas levaram o seu corpo morto e coberto de fridas, levaram a sua vida e a do ser que gerava dentro de si, mas as suas almas, essas permaneceram na praia repletas da dor que a morte não levou.


Joana Filipa Bernardo

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