sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Tarde de mais


O nevoeiro eleva-se no ar enquanto aquela figura surge encoberta no horizonte.
-Por onde tens andado?
-A procura de nós, meu amor!
As palavras dela esfumaram-se enquanto a silhueta dele se tornava mais visível.
Estava branca como cale, os seus olhos inchados cobriam-se de lágrimas e os seus lábios tremiam. Deixou-se cair no chão molhado e olhou-o.
-Que se passa contigo? Não estás bem...- disse-lhe aproximando-se dela. Ajoelhou-se e tomou-a nos braços - Estás gelada!
Ela sorriu-lhe com ternura murmurando-lhe ao ouvido:
-Agora é tarde para nós, atrasaste-te de mais e de novo seremos separados.
-Mas o que estás tu a dizer? Vou levar-te a um medico.
-Não há tempo! Talvez um dia quando vivermos de novo o nosso amor nasça mais forte.
Ele olhava-a sem perceber, mas sentiu que a sua vida perdera o significado naquele momento.
-Amo-te!
-Amo-te!- respondeu-lhe ela.
Ele fechou os seus olhos e quando os abriu tinha nos seus braços o corpo inanimado da sua eterna amada.

Joana Filipa Bernardo

Sem comentários: