terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vazio

Cerca-me o vazio onde se ouve a chuva que deixo cair no meu rosto pálido e quase apagado de vida. Falta-me a adrenalina das loucuras que deixei de viver, das sensações que deixei de sentir. Faltam-me os tremores que antecediam a tua chegada, vagarosa, serena mas carregada de emoção... e o que sou eu sem isso? Uma música sem ritmo, um livro sem uma história, uma expressão sem um sorriso... Não é o que eu sou!
Deixo que todos os meus sentidos se alimentem deste momento, quase sinto as notas musicais escorregarem-me pela garganta, o seu sentido a embriagar-me a alma, a sua emoção a sufocar-me o peito. A saudade. Chega a ser bom senti-la assim, carregada de significado, iluminada pelos relâmpagos e misteriosa...
Ainda sinto pequenos pedaços dos destroços com que me deixaste, difusa em pensamentos repletos e cautelosamente pormenorizados da poesia que construímos, e dos parágrafos que ficaram por terminar.
Escondo-me nas minhas palavras, tentando expressar os sentimentos que não sei compreender. Onde ficaram os sonhos? Onde se perdeu a inocência que me fazia desejar, que me fazia reagir cada poro da pele ao mais insignificante estímulo que se cruzava com o meu corpo ainda quente?
Não sei já que desculpa inventar para viver um pouco mais... A minha alma grita, enquanto a minha voz se abafa entre recordações pragmáticas e longínquas. Convinha-mos, eu dei já tudo o que sabia dar, resta-me reinventar um resto de dias em que não me limite a deixar as horas passar.

1 comentário:

ir disse...
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