terça-feira, 13 de agosto de 2013

O quarto

 
Há momentos que nos transportam, muitas são as vezes em que dou por mim a vaguear... Hoje é como se regressasse a um quarto, um quarto do qual a porta parece ter desaparecido e a janela fica mais alta a cada hora. Está corrente de ar no quarto, sinto arrepios na pele e a pouca luz permite-me ver o papel que forra as paredes. Não me é estranho este quarto, ainda que fisicamente nunca lá tenha estado, nem saiba onde fica. Por outro lado, quando fui transportada para ele reconheci-o em mim. Recordei o cheiro do perfume a canela... Recordei o som do meu soluçar e senti o sabor das minhas lágrimas... Voltei, agora percebo a razão, voltei porque já não sinto o que devia sentir... Voltei porque reviveu o fantasma que me assombra e eu quis que me perdesse o rasto.
Sinto-me em taquicardia... relembro as imagens e as sensações daqueles dias. Chego-me para o canto do quarto, está lá um colchão onde me sento, encostada a parede. Não há outro lugar para onde possa ir agora... Não há ninguém para eu tocar, ninguém que possa chegar a mim. Nada parece fazer sentido.Calaram-se as vozes na minha cabeça. Está um silêncio sufocante e eu corro para a janela, abro-a. Respiro. Engulo o vento e sinto umas gotas de chuva na cara. Estendo as mãos e sinto a chuva acalmar-me. Será que posso sair do quarto?
Um estrondo faz-me fechar a janela de rompante! Será que o fantasma me encontrou?
Fujo para cima do colchão no canto e tapo-me com um cobertor. Para já, para já o melhor é ficar aqui.

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